quinta-feira, 9 de julho de 2009

Antes de anoitecer


terça-feira, 7 de julho de 2009

Lembrar-me de ti

Já passa das quatro da tarde.
É sexta-feira e a vista do sexto andar do hotel Presidente é distinta, é bonita, sem dúvida. O espaço em si é envolvente. Parece cenário perfeito, tirado dum filme, num país tropical. Ainda que tenha um espaço fechado, dou uns passos e encontro uns sofás junto a um espaço aberto. Mas não recordo bem o espaço, não sei bem como descrevê-lo. Estava distraído, com a minha atenção virada para outro lado. Seria mais fácil descrever o que alegrava os meus olhos nessa tarde de sexta-feira. Vi-te numa saia de pregas e com um sorriso, o mesmo de sempre, lindo, e tu, linda como sempre. Estavas cá!

Uma vez mais. Num outro lugar, no hemisfério sul. Também aqui, uma vez mais, juntamos recordações, momentos partilhados.

Como esquecer o dia em que me convidaste a assistir ao jogo do F. C. Porto na casa do F. C. Porto aqui em Luanda. Seria sem dúvida bom. Segunda mão dos oitavos de final da liga dos campeões. O Porto havia empatado a dois golos em Madrid, frente ao Atlético. Boas perspectivas, a passagem estava perto. E mesmo longe, eu não quereria perder esse momento. Partilhando contigo essa alegria, de ver o Porto passar a eliminatória. Mas, esqueci o básico, o que é, provavelmente, o essencial aqui em Luanda. As coisas falham. Não assistimos ao jogo. Não, não conseguiram encontrar um canal que transmitisse o desafio. Mas ouvimos, ouvimos o relato. No final festejámos uma vitória. E juntámos mais uma história.

Foram cerca de três semanas, um jogo, algumas saídas, mas o melhor momento foi, sem dúvida, quando te vi naquele terraço. Sempre foi assim, a tua chegada. O teu sorriso.
Saí de Portugal com saudades. Trouxe a imagem do teu sorriso. Agora, vou de Angola para Portugal, e levo a imagem do teu sorriso.

Lembrar-me de ti. Lembrar-me de ti é lembrar todo um caminho que percorremos e ficar a pensar no que virá.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

O Lado Bom


Muitos conheço que deixariam o texto em branco, confesso, mas seria injusto, eu nunca o poderia fazer.

Na realidade, para se viver em Luanda é preciso uma certa capacidade de adaptação, há quem diga que é preciso ter “estômago”. No fundo é procurar olhar para o lado bom e tentar esquecer o lado mau, é desfrutar do que um país como Angola tem para nos oferecer, é aproveitar o melhor de Luanda.

Lembrar que aqui, mesmo no inverno faz calor, aqui temos praia o ano inteiro. Atravesso Luanda num sábado à tarde, dirijo-me até à ilha, estaciono o carro e dou um mergulho, em qualquer altura.

A noite em Luanda é também muito animada, embora cara, tem uma vasta oferta: bares à beira mar, bares com música Angola, bares com música comercial, pop, house e outras mais, bares onde os corpos se juntam para dançar kizomba, bares com maior percentagem de expatriados, bares com mais nativos, bares onde todos se misturam e onde todos são iguais, bares onde não devemos ir. Uma vasta oferta.

Saber que a oferta está praticamente toda na rua. Sim, por entre as vias, moços vendem jornais, outros carregadores, pilhas, pastilhas elásticas, tapetes, uns quantos cobertores, pão, candelabros, tomadas, tabaco, está tudo ao alcance de um braço, basta baixar o vidro do carro.

De dia é agradável caminhar por Luanda, observar gestos e hábitos, e ao dizer “boa tarde” recebemos uma resposta e um sorriso.

Maravilhoso é ver o dia tornar-se noite, observando o fantástico pôr-do-sol a partir da baía de Luanda.

É bom observar algum do legado que os portugueses deixaram, é bom ver que muitos angolanos reconhecem esse legado.

De noite vou até à ilha, dali olhar a cidade é simplesmente fantástico. A mesma transforma-se, edifícios altos, iluminados, ao longo da marginal da baía, formam um cenário para se contemplar.

Devo ainda recordar que vir para Luanda é vir para uma cidade que, embora ligeiramente afectada, está longe de ter sofrido as consequências que se deram em outros países. A crise também passa aqui, mas ainda não se instalou como em outras paragens. Vir agora é diferente de ter vindo há 2 ou 3 anos, os ordenados eram bem mais chorudos, ainda assim, ainda se vem ganhar umas 3 vezes mais do que em Portugal. É bom o factor económico, mas de lembrar que não será tudo.

Aqui criamos laços fortes, por entre aqueles que, tal como nós, estão longe de Portugal. Tudo tem mais significado, as coisas são menos fúteis.

Aqui aprendemos a dar valor ao que realmente importa, aqui, aprendemos que não nos devemos chatear com as pequenas coisas, aqui aprendemos que um sorriso para alguém pode despoletar uma alegria imensa.

Ainda em Portugal, falava com um colega de trabalho que viria em breve e pela primeira vez a Luanda. Sei que muitos não veriam com bons olhos uma estadia prolongada em Luanda, mas este colega iria permanecer apenas 15 dias. A conhecer um novo país, um povo diferente, sendo pouco tempo, julguei que até gostasse da experiência. Confessou-me que não queria mesmo ir a Luanda, que tinha de ser caso contrário não iria, que achava já à partida que não iria gostar.

Não é a minha maneira de ver as coisas, quero sempre conhecer novas realidades e procuro nunca criar preconceitos, de forma a conseguir retirar o melhor de cada experiência.
Mas perante tão firme sentimento do meu colega quanto à sua viagem, restou-me dar-lhe apenas um conselho:
“Por vezes é bom irmos para um sítio que de facto não gostamos, é bom pois aprendemos a dar mais valor ao que realmente importa”.

Eu? Bem, eu aprendi a dar mesmo valor ao que importa, mas, enquanto cá estou, vou aproveitando ao máximo o que Luanda tem de bom para me oferecer.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

De volta

15 de junho de 2009, 21:15
dou um último abraço e um beijo à minha mãe antes de entrar pela porta de embarque...
...22:18, o avião levanta da pista, deixando Lisboa para trás, e eu...
...deixo para trás 4 semanas entre Coimbra, Porto e Lisboa. Deixo para trás pessoas que revi, alegrias partilhadas, saudades ainda por matar, noites em altas, amigos e amigas, a família, o beijo que dei, um abraço que não dei, palavras que não disse e que tinha para dizer... deixo para trás desilusões, deixo para trás expectativas... deixo sorrisos para trás... deixo-te para trás... deixo-vos para trás...
...não esqueço momentos, não me saiem da cabeça, momentos para recordar que não devo lembrar...
custou mais, desta vez, custou um pouco mais... se a 24 de maio não queria voltar a portugal, a 15 de junho queria continuar em Portugal... por mim, pensando em vocês, pensando em mim, pensando em ti...
...estou de volta, de volta a Luanda e, mal ponho o pé fora do avião, reformulam-se pensamentos, mudam-se sentimentos, estou de volta, ainda bem que estou de volta... falta pouco para voltar, queria mais, um pouco mais, antes de estar de volta, de volta a Portugal...

quarta-feira, 20 de maio de 2009

em luanda ou em qualquer parte...

Quando um almoço vale ouro!

São quase duas da tarde, oiço chamar o meu nome e o da minha irmã há algum tempo. A voz da minha avó faz-se ouvir no pátio do bairro. Do alto do 3º andar vai gritando “Rita! João! Venham almoçar!”. Logo agora, quando o jogo da "apanhada" estava para começar…

Tinha 8 anos. A fome que sentia era alimentada pela alegria de brincar junto aos meus amigos, os meus vizinhos. Tantas e tantas vezes fui chamado para almoçar, a meio duma corrida, a meio da «apanhada» ou outro jogo qualquer. Corria, corria até casa, para me sentar à mesa, corria para voltar a correr o mais depressa possível para junto dos meus amigos.

Já com 16 anos, o processo era quase idêntico. Depois das aulas pela manhã, ligava a moto, e logo, logo me punha a caminho de casa, para almoçar. Tão depressa ia como voltava, para me juntar aos amigos, novamente na escola, num café ou outro espaço qualquer de convívio.

Na faculdade, a história não mudou. Almoço em passo apressado para regressar ao convívio dos amigos, mesmo quando o mesmo era partilhado na cantina, era apressado. Não tantas vezes quanto devia ele era apressado para que pudesse assistir às aulas da parte da tarde, mas sim para regressar ao convívio dos restantes amigos.

São agora onze da manhã. O pequeno-almoço que degustei há praticamente 3 horas já se foi. Sinto o estômago vazio. A noite de sono mal passada abate-se sobre mim, mas o trabalho não me deixa repousar. Anseio, anseio pela hora de almoço. O momento do dia em que faço uma pausa, saboreio uma refeição, relaxo um bocado, converso com os colegas de trabalho que são agora meus amigos. “Recarrego baterias” para o resto de dia de trabalho.
Agora que já trabalho, o almoço vale ouro. Primeiro, porque pago por ele e bem por aqui (quando tinha 8 anos era me colocado no prato, em cima da mesa, à frente da cadeira que esperava por mim, até há pouco tempo era “subsidiado” pelos pais), dou-lhe mais valor, é bom que seja bom. E vale ouro pela pausa que me permite, a descontracção que me confere.


São onze da manhã e como eu queria ouvir “oh João! Vem almoçar!”



Alguém quer comprar banana pão? Um pouco de mandioca? Tem de tudo... barato...
Na imagem da esquerda é possível observar como as mulheres transportam os seus filhos... com um lenço atado à cintura... aqui, quando um filho se porta mal, um dia mais tarde, para além de ouvir o vulgar "...e carreguei-te no ventre durante nove meses...", ainda deve ouvir: "...e foram mais uns quantos a carregar-te nas costas"
Eu pergunto-me como farão com gémeos? (virá agarrado junto à barriga, dirão... mas e se for trigémeos ou mais? complica...)

terça-feira, 12 de maio de 2009

faz parte do trabalho...



mas confesso que não é fácil, por vezes é mesmo desagradável... vestir o fato e andar ao calor pelas ruas de Luanda.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Assalto à mão desarmada

Como vem sendo hábito desde que fui colocado na Sonangol, hoje tomei café na pastelaria mensagem, a uns 300 metros da entrada do edifício, do lado contrário da rua. Uma manhã normal, como em tantas outras. Estou sozinho. Saio porta fora e caminho pelo passeio. Coloco-me entre dois carros estacionados, prestes a atravessar, quando sou interpelado por um jovem, não devia ter mais do que 30 anos. Vem-me pedir lume e talvez algo mais. Bonito fato, diz-me. És português? Sou sim. Português e angolano é irmão, não é assim? É pois, respondo eu, e acrescento, o meu pai é angolano. É verdade, aqui nasceu, português é verdade, em Portugal há mais de 30 anos, mas, por direito próprio, há bem pouco venceu a batalha, a batalha para adquirir a nacionalidade angolana. Não para que pudesse ter qualquer benefício (para fazer negócios em Angola é muitas vezes exigido que se seja angolano ou se tenha sociedade com um angolano), mas por paixão. Adora este país, onde cresceu, onde se apaixonou pela minha mãe quando a acompanhava à escola e de onde saiu à força, vendo seu pai deixar tudo para trás. Embora este já não seja o país que o viu crescer, continua a amá-lo como seu, com tudo de bom e com tudo de mau que por aqui há. Mas voltemos às 8:40 desta manhã. Sim, o meu pai é angolano. Vou te pedir uma coisa, não fica chateado, diz-me ele. Olha, eu sou militar, tenho aqui a carta e vou-te mostrar. Não, não é preciso mostrares. Olha, a minha mulher precisa de ajuda. Podias ajudar, eu podia tirar a arma, mas não vou fazer. O homem que me interpela segura o cigarro numa mão e tem a outra mão coberta por uma camisa. Mas não me parece armado.”Tens que me deixar ir trabalhar”. A rua está movimentada, não tenho porque temer, penso para mim, mas estou nervoso, confesso, embora tente manter a calma, não demonstrar qualquer medo ou receio. Olha, eu podia tirar a arma, mas ia dar tiro aqui no meio da rua, fazer confusão. Ouve, eras apanhado ali ao virar da esquina digo-lhe eu. Oh! Comé? Ajuda. Diz o quê que queres? A minha mulher… medicamento tá caro. Então vens comigo ali à porta da Sonangol. Não, dá aqui. Gosto de ajudar, mas retribuo à confiança que me dão. Ao engraxador de sapatos que me pede 80 kwanzas, subindo o preço para lá dos habituais 50, eu dou mesmo 80. Quando não pedem mais do que 50 estendo-lhes a mão com 200. Confiança, trabalhador, tenta apenas ganhar a vida. Ali, com um militar que me diz ter uma arma, que desconfio que não tem, que me fala na mulher, que desconfio que não existe, coloco-o à prova. Se caminhar comigo até à entrada do edifício, mostrando confiança, talvez lhe dê 1000 kwanza. Não, 500, afinal de contas não deixa de ser um assalto e não sei se a mulher que está doente existe. Vens até ali comigo. Não, dá aí. Obrigado. Obrigado de quê? Ainda não te dei nada. Digo-lhe eu. Começo a ver no seu olhar algum receio, alguma constatação de impotência da sua parte. Um pula que não foi na cantiga, um pula que ainda chama a polícia, não me vai dar nada, se calhar devia só ter pedido, sem falar na arma que não tenho. Imagino que seja o que está a pensar. Ouve lá eu já podia ter atravessado a rua. Olha, eu vou para aqui e podes tirar aí. Diz-me, enquanto se afasta uns metros. Alguma confiança. Um olhar triste, o assaltante dá-me pena, que truque: falar numa arma e acabar a pedinchar. Tiro 250 kwanzas do bolso, onde tenho mais 8000, trocada que tinha sido a nota de 100 dólares logo no início da manhã. Ei, é pouco, não vai chegar. Ouve, já ter-te dado foi bom, dei-te, não dei? É uma ajuda. Obrigado! Agradece-me com um misto de tristeza e conformismo. Atravesso a estrada, lentamente. Atraiçoando o ritmo cardíaco que vai um pouco mais rápido do que o habitual, mas devo mostrar serenidade. Lentamente. Será que tinha mesmo uma arma? Vou pensando para mim… Se fosse de noite estava feito… Se calhar nem lhe devia ter dado nada… assim já pode comer um bolo e tomar uma gasosa… Bem, vou é subir, já tenho uma história para contar.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

De onde surgem Mantorras e outros craques...


Ainda dizem que por vezes o campo em Portugal foi "inclinado" pelo árbitro, ainda se desculpam que a relva não era boa, ainda falam que deveriam trocar de sapatilhas, que as mesmas não se adaptaram bem ao pé...

Aqui, onde a estrada faz de bancada, qual terceiro "anel", onde o tamanho não conta, os pés descalços correm alegres atrás da bola. Miúdos, perseguindo o sonho, ou esperando apenas terem algo para comer quando voltarem a casa.

Onde uma pedra faz de poste, formando uma baliza sem trave, onde dois paus se unem por um cordel que serve de trave...
É por aqui que se fazem Mantorras e outros craques...

Fuga de Luanda - Ida a Cambambe







...3 dias e uma semana em Cambambe.
Objectivo: Dar formação a elementos da ENE.
Local de Acolhimento: Pousada da ENE, junto à Barragem.
Missão: Fuga do caos de Luanda e repouso em local idílico

terça-feira, 5 de maio de 2009

Sinto falta...

Quando se está longe sente-se a falta... eu...

Sinto falta. Sinto falta do frio. Sinto falta. sinto falta de regressar a casa. Sinto falta da mãe. Sinto falta do pai. Sinto falta da mana. Do Pedro, do João, do Eduardo e do Tiago. Da tia e do tio. Sinto falta da avó. Sinto falta dos primos. Da madrinha e do padrinho. Sinto falta de jogar futebol. Sinto falta da comida. Sinto falta da Ana, da Mafalda e do Álvaro. Sinto falta de correr. Sinto falta da Joana, da Carolina, do Zé, do outro João e do Gonçalo. Sinto falta de te olhar. Sinto falta do sr. António a servir o café. Sinto falta do metro a que me habituei. Sinto falta da música. Sinto falta de mais um João e outro Pedro, do Fernando e do Fernando. Sinto falta de pipocas. Sinto falta do meu cão. Sinto falta dos gatos. Sinto falta do Jaime e de ainda o outro Zé. Sinto falta do Sérgio. Sinto falta da Eleonora. Sinto falta. Sinto falta de mais um João. Sinto falta do Ricardo, sinto falta da paisagem. Sinto falta da Carina e da Maria. Sinto falta do cão do Pedro. Sinto falta da cidade. Sinto falta da Filipa. Sinto falta. Sinto falta do Luís. Sinto falta de telefonar. Sinto falta da Raquel. Sinto falta das cartas. Sinto falta da Inês. Sinto falta de tempo. Sinto falta do meu carro. Sinto falta do Júlio. Sinto falta de estar. Sinto falta do André. Sinto falta de ler. Sinto falta da Rita. Sinto falta de mais um Pedro. Sinto falta da salada. Sinto falta. Sinto falta do quarto. Sinto falta do Filipe. Sinto falta de aprender. Sinto falta da Teresa. Sinto falta de dar treino. Sinto falta. Sinto falta do Samuel. Sinto falta de horas de sono. Sinto falta da João. Sinto falta de todos os amigos. Sinto falta da Margarida. Sinto falta do vento. Sinto falta. Sinto falta de dar flores. Sinto falta do Rui e do António, do Gustavo e do Renato. Sinto falta do Bruno. Sinto falta de passar a ponte. Sinto falta da Rita e da Margarida. Sinto falta da mousse. Sinto falta da Carolina. Sinto falta daquele quadro. Sinto falta de que sintam a minha falta. Sinto falta de segurança. Sinto falta do Jorge. Sinto falta do resto da malta. Sinto a falta de mais um Ricardo. Sinto falta da mini. Sinto falta do Carlos e do Rogério, e ainda de mais um João. Sinto falta. Sinto falta da faculdade. Sinto falta do rio. Sinto falta da Sofia. Sinto falta do amigo do clube de vídeo. Sinto falta do sofá azul. Sinto falta de surpresas. Sinto falta do café. Sinto falta até de conhecidos. Sinto falta. Sinto falta da partida. Sinto falta da chegada. Sinto falta dos meus jogadores. Sinto falta de cinema. Sinto falta de passear. Sinto falta do cinema. Sinto falta das noitadas. Sinto falta do comboio. Sinto falta de todos os sorrisos. Sinto a falta de Portugal. Sinto a falta de tanta coisa. Sinto falta de sentir a tua falta. Sinto muitas vezes a falta de sentir qualquer falta.

segunda-feira, 4 de maio de 2009


Eu e o camba Alex, na Angola Telecom, há uns dois meses atrás...

Ladrão Simpático

Sexta-feira, depois de mais uma reunião no escritório, chegámos a casa um pouco extenuados mas com vontade de sair, pois tínhamos a festa de aniversário de um nosso camba, o Gilberto.
Ora já eram umas oito da noite, já a procissão (leia-se festa) devia ir no adro, daí que tivéssemos pressa. Foi chegar, abrir a porta, entrar, tomar um duche e sair novamente.

Pois, com tanta pressa o Alexandre deixou o computador à porta. Certamente foi o que aconteceu, porque quando regressámos já de madrugada ele não estava no apartamento. Sendo certo que o pc não foi beber um copo, confirmado que não estava no escritório esquecido, então foi mesmo levado por alguém que o encontrou tão sozinho à porta de casa, e logo numa cidade perigosa como Luanda.

Foi um fim-de-semana um tanto ou quanto penoso para o Alexandre, mas, segunda-feira, a manhã trouxe uma pequena surpresa. Pedro Silva abriu a porta e deparou-se com um saco cheio de papelada. Eram os documentos que o Alexandre transportava na mala do seu computador. Ah, ladrão simpático. Então os documentos podem fazer falta ao Alexandre e nem precisa deles para vender o computador. Muito obrigado! “Ainda há gente com bom coração” pensámos entre nós.

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Um rio de fé desceu a rua

No dia em que o Papa veio a Luanda, 21 de Março.

Apenas uma pequena parte, pois o rio foi fluindo durante um longo período de tempo...

Uma justa homenagem




Longe vai o tempo em que conheci João André, mais conhecido entre amigos por Bidu.


Dos primeiros colegas de escola, na primária. Daqueles que se fazem facilmente, mas que a vida se encarrega de separar. Ora durante 4 anos fomos colegas, sendo que depois da primária perdi João André de vista. Mais tarde, já no Secundário, voltámos a encontrar-nos, volvidos 5 anos. Claro que o trato não era o mesmo, mas rapidamente se regenerou a amizade. Por mais três anos fomos colegas de turma. Desde então partilhámos momentos inesquecíveis. Na faculdade, uma vez mais nos encontrámos, entre a minha Gestão e a tua Economia, apadrinhaste a minha entrada. Merece justa homenagem este senhor. Dia 22 de Março tive o privilégio de festejar o seu aniversário… em Luanda. Para onde a vida me trouxe e onde vi encontrar João, por aqui há já quase três anos. Longe do nosso país, é bom contar contigo. Um abraço e até logo.

Dicionário

Bala – óptimo; impecável

Bazar – saída nocturna, encontro, “vamos bazar amanhã?”

Caçula – filho mais novo

Camba – colega, conecido, amigo.

Candongueiro – taxistas sem quaisquer preocupações com a condução, conduzindo geralmente uma carrinha azul e branca

Cuca – cerveja angolana

Eka – concorrente da cuca

Facilitar – “vou-te facilitar”: aceder a um pedido (de mais uma bebida que não cabia no cartão de consumo, por exemplo)

Gandulagem – assaltantes, …

Maka – problema, situação complicada

Mata-bicho – vulgo pequeno almoço

Matumbina – fêmea por excelência

Mosquitos – motociclistas sem preocupações e cuja condução não se enquadra nas regras (ex. circulação em sentido contrário)

Musseque – bairro pobre, feito sobretudo de barracas

Ninjas – nova policia especial que se desloca em motos….

Pula – branco

Recarga – cartão de carregamento do saldo de telemóvel (serve para realizar uma chamada para o número de recargas, referindo depois o código que vem no cartão, e já está, simples. Nota: só se vendem em algumas lojas)

Tchilar - curtir

segunda-feira, 27 de abril de 2009

...demasiado tempo

Foi demasiado tempo. Muito trabalho e pouca predisposição, alguma preguiça, outras vezes sem acesso a internet, e um blogue a perder vida…

Entretanto lia blogues de outros contactos, C13, de amigos e familiares, e este por aqui perdido. Mas não de todo, a preguiça atingiu-me a ponta dos dedos mas não a cabeça. Essa continuou em trabalho, daí que, neste entretanto, muitas ideias foram apontadas, havendo histórias para contar, peripécias, imagens para partilhar, um pouco disto e daquilo.

Mais vida. Uma catrefada de textos para breve…

quarta-feira, 8 de abril de 2009

um grande beijo

A ausência faz-se sentir.

Um apertozinho no coração… Foram anos e muitos mais serão. Mimado. Cuidado e tratado, sem que nada faltasse. Embirrei, respondi, outras tantas nem respondi, calei e fiz silêncio, não te contei, não falei… A distância trouxe-me para a terra onde nasceste, há precisamente 50 anos. Meio século de vida, do qual pude compartilhar mais de metade, mais do que compartilhar eu recebi. Recebi todo o teu carinho. Agora, pela primeira vez tão longe, não posso dar o abraço que não dei, o beijo que mereces, retribuir tudo o que deste. Mas quero dizer obrigado. Quero que fique registado. Muitos PARABÉNS mãe. Adoro-te! Um grande beijo

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Nova Era

Dia 1 de Abril de 2009, Luanda.

Entrada em vigor do novo código, nascimento de uma nova era.

Caos. A melhor palavra para descrever o que ocorre pelas vias de Luanda. Carros que se apertam, motas que se desviam, carrinhas que não param. Caos total. A polícia por vezes tenta dar uma ajuda. Polícia sinaleiro, manda seguir, dá ordem para parar, tenta organizar, mas não é fácil… menos ainda quando o polícia não quer perder a oportunidade de multar ou cobrar uma gasosa, e aí, bem, aí o trânsito que se amanhe…

Mas dia 1 de Abril a cidade de Luanda acordou com menos sangue a fervilhar pelas suas veias, isto é, menos carros a apertarem-se pela via. O novo código retirou muitos de circulação. Teria que ser assim, senão vejamos: cinto – passa a ser obrigatório; telemóvel – não é permitido o seu uso a conduzir; seguro de viatura – passa a obrigatório (não, não era obrigatório); conduzir alcoolizado – de 0 a 0,6 (ou 0,8, que se entendam) dá direito a multa, a partir daí é crime.
Ora novo código, novas oportunidades para a polícia fazer dinheiro, perdão, multar.

Tal facto retirou muitos condutores da cidade, receosos das consequências, tantos sem cintos nos carros, outros tantos, sem seguro, alguns embriagados, alguns com tudo à mistura…

Hoje trabalho no edifício novo da Sonangol, perto da marginal. Numa pausa tomo café na pastelaria Mensagem, do outro lado da estrada. À saída, ainda antes de atravessar a rua, paro por um instante junto ao passeio. Gosto de observar, parar e olhar, simplesmente ficar a olhar. Noutro lugar, numa outra terra, outro país, paro para observar. Vejo hábitos e costumes, pessoas a passar, vendedores de rua, mulheres com crianças nas costas, presas por um lenço, cestas à cabeça, outras vendedoras de cartões de recarga sentadas ao longo do passeio. Mas agora, aqui, junto à pastelaria Mensagem, no dia em que o novo código entrou em vigor, uma outra personagem chama a minha atenção. No meio do cruzamento. Um polícia vestido a rigor, traje azul, calçando luva branca, usa de um outro código – de linguagem gestual. Entre vias, meio de lado, os gestos seguem-se uns atrás dos outros. Braço esquerdo esticado mandando parar os carros de uma via, mão direita por cima do chapéu, parece dizer adeus a quem passa por trás, mas cede é passagem a quem vem de frente. Roda o braço esticado e junta-o ao estômago, meia volta, apito na boca, fazendo-se ouvir. A outra mão deixa de dizer adeus, abre-se por completo, o braço estende-se, agora pára outro sentido. Se a farda fosse outra, diria que estávamos na presença de um mimo, usando de linguagem gestual, comunicando emoções. Certamente o polícia também o faz, hoje é um novo dia, hoje ele é mais importante, com o novo código ganha uma nova dimensão. É senhor das estradas. No meio dos gestos, há um que escapa a toda a harmonia. Leva a mão ao bolso, pega na caneta, cede-a a um colega de profissão. Esse outro agradecido, já tem como passar multa. Regressa a sinfonia, um apito que assume diferentes tons, acompanha os movimentos. O trânsito vai fluindo. Menos buzinas. Não que não haja trânsito, ainda há trânsito. Mas está melhor, bem melhor. Já no final do dia, chego a casa mais depressa. Menos pára arranca, menos solavancos, mais qualidade de vida. Mais tempo para descansar. É cedo, cedo para dizer se esta realidade se irá manter. Esperemos que assim seja. A ser assim, assisti ao nascimento de uma nova era – uma Luanda mais calma, menos caótica.

Não, não é uma mentira.

domingo, 29 de março de 2009


Sábado, dia 7 de Fevereiro.

Ainda não era uma da tarde quando o Pedro Silva me deixou a mim e mais dois colegas junto à Rádio Vial. Fora do carro aguardavam-nos o calor e uma série de lanços de escada. Subimos, subimos até praticamente ao topo. Mesas, diversas mesas, com o respectivo serviço de mesa já decorado. Alguns empregados ajeitam os últimos preparativos. Camarão, lagosta, salgados, doces e muito mais. Já passa da uma da tarde. Estamos presentes e na presença de alguns empregados, sem convidados. O calor faz-se sentir, ainda mais depois de tantos degraus escalados. Pedro sugere: “ E uma cuca na Marginal”. Penso para mim como será doloroso subir novamente tantos degraus, mas será mais ainda ficar ali, sem me refrescar por um período indefinido em que teremos de aguardar. Aceito. “Porque não? Vamos lá então”. Caminhamos até à marginal, café fechado. Sábado, uma e um quarto da tarde. “Vamos ao presidente”. O Hotel mesmo ao nosso lado avistava-se como a única solução. Depois de 3 cucas bem frescas e cada um mais leve 4.000 Kwanzas (4 euros), decidimos regressar para a festa. São agora 13.50. Lançamo-nos ao lanço de escadas novamente, escalado até ao topo. Agora sim, a festa estará para começar. Com ¼ das pessoas convidadas presentes. Normal. A festa começava às 13h. São 14h e pouco e ainda falta muita gente, estão a chegar pessoas, não vão parar de chegar até mais tarde. O nó aperta-se no estômago, os pratos começam a encher-se para regalo da barriga vazia. Todos se servem no buffet. A bebida é servida à mesa. Ainda não vejo a minha coca cola a meio e já me perguntam: “posso trazer outra senhor?”. Claro, virá bem fresca certamente. Camarão, lagosta. Come o pula, que para os locais é dia de funge. Sorteiam-se 4 automóveis, toca a música e naquele terraço soltam-se as pernas. Observo, apenas observo. Dançam com a paisagem de Luanda como fundo. Dançam bem. Fui convidado mas a festa é deles. Todavia, agradecido, gostei bastante. Mas, não tarda, vou trabalhar. Só um pouco, neste final de tarde agradável.
Festa Angola Telecom, 17º aniversário

terça-feira, 10 de março de 2009

Contrastes

Choveu ontem. Muito. Hoje está um dia de sol. Lindo. O calor não é tanto. Espreito a janela do 7º andar e vejo o mar. A baía de Luanda. Barcos. Sobretudo cargueiros. O sol reflecte no mar. O mar está calmo e azul. Mas o dia está bonito, por isso o mar está azul, mas não é azul. Contrastes. Engana a vista ao longe. A poluição suja a baía. Mas hoje não vejo poluição. O mar está azul. Azul de contrastes, como a camisa que visto hoje contrasta com a gravata que coloquei. Entre um azul acentuado e um azul mais claro. Hoje vesti azul como o mar que avisto mas que não é azul. Espreito por entre prédios em construção e edifícios em decomposição. Contrastes. Prédios altos e imponentes de um lado, o Porto à minha frente e o musseque à direita. Contrastes, entre prédios que estão cansados, desgastados. À espera que os deitem, antes que caiam sozinhos. Cidade de contrastes. Prédios novos. Edifícios velhos. Gruas e edifícios, edifícios que se querem erguer. Contrastes. Contrastes da cidade. Pobreza e Riqueza. Carros bons e carros maus. Carros muito bons, carros parados. Abandonados e maltratados, descansam ao longo da via, enquanto não os levam para descansar noutro lugar. Contrastes. Entre a confusão do trânsito, carros que procuram um centímetro quadrado, uma nesga de espaço para se desviarem, para avançarem. Entre a confusão dos carros na via, descansam pessoas no chão, no passeio junto à via. Não vão a lado nenhum. E os carros vão para qualquer lado, mas sempre vão, a qualquer hora, enchendo a via. Entre a confusão da via e a calma do velho, do novo, do homem e da mulher, que repousam ao longo do passeio. Sentados em cadeiras, deitados pelo chão. Contrastes. Entre o ar condicionado do interior de veículos potentes que circulam parados no trânsito e o calor que está cá fora. Contrastes. As motas são mosquitos, movendo-se com liberdade, sem uma direcção certa, por entre carros e camiões. Destemidos. Entre as paragens dos carros ao longo da via, presos no trânsito, avançando em soluços, e a liberdade das motas que se esgueiram pelo caminho. Contrastes. Entre o cuidado da condução de carro próprio e a loucura de candongueiros abrindo caminho. Contrastes. Entre fatos e fatinhos, do dólar e do trabalho, entre o roto e o esfomeado. Contrastes. Guarda que não me guarda, quer guardar o meu dinheiro, no bolso. Pinta-se o céu de escuro e cai a noite ainda de tarde. São 18 horas da tarde e parecem 9 horas da noite. Contrastes. Entre supermercados sem mercadoria e lojas de roupa cara. Hotéis caros para dormida curta. Chão quente para dormida na rua. Contrastes. Entre o branco e o negro. Contrastes. Entre buracos nas estradas e já sem os das balas. Contrastes. Entre a selva e a cidade. Contrastes. Do calor do inferno a paisagens do paraíso. Contrastes. Luanda de contrastes. Paixão e alegria, fome e tristeza, morte e incerteza, dinheiro e saudade. Junto ao mar e junto à terra, entre a selva de África e a Selva urbana. Contrastes.

(dia 3 de Março choveu, choveu a chuva tropical, que molha mas não arrefece)
...São 6.45, a luz do dia rompe as cortinas do meu quarto. O calor desperta, incomoda, logo desperta. Quando não há ar condicionado, ficamos condicionados. Acordar durante a noite, calor, calor debaixo dos lençóis, calor por cima dos lençóis. Fecho os olhos, durmo novamente, até a luz do dia romper a cortina. Abro os olhos, abro as cortinas, abro a porta do quarto, abro a torneira, abro a toalha, abro por fim o fato em que me vou fechar todo o dia. São 7.20, saio de casa, saímos de casa, somos três, eu com 26, o Alexandre com 24 e o Pedro 33. O Valter atrasou-se, atrasou-se 15 minutos, 15 minutos dá 1h. Sim, 1 h a mais no trânsito. 1h e meia de manhã, 2h e meia ao final de tarde. 4h. 5 dias, 5 dias são 20h. Lá se vai praticamente um dia. Um dia no trânsito. Chego tarde, são 8 da noite. Hoje não tenho luz, como quem diz TV, internet, tomada para carregadores. O computador está sem carga. O livro que lia está escuro. O frigorífico que gela está quente. Tenho água, por hoje tenho água corrente. Vou sair, volto já, é só jantar. E quando volto a casa está escura. A água corrente não é pura, não se bebe, a água no frigorífico já está noutra temperatura. Passo água pela cara, lavo os dentes. Hoje deito-me mais cedo. São 23h. O quarto está quente, condicionado pela falta de ar condicionado. Tento dormir, mas o calor incomoda, o calor desperta. De noite o barulho da rua rompe pela janela do quarto. Até adormecer e esperar pela manhã, até a luz do dia romper pelas cortinas do meu quarto, acordo. Abro os olhos, abro as cortinas, abro a porta do meu quarto, abro a torneira, abro a toalha, abro por fim o fato em que me vou fechar todo o dia. Não, o calor que não dorme chamou-me mais cedo. São 6 da manhã. Tenho 45 minutos para estar acordado enquanto tento dormir mais um bocado. Bom dia Luanda…

quinta-feira, 5 de março de 2009

Trânsito parado



São 8 e meia da noite. O trânsito alastra-se pela cidade, para dentro e para fora. Em cada cruzamento uma batalha, por uma nesga de espaço, por um lugar, para circular. Da janela do meu quarto observo o quadro pintado na avenida. Um autêntico quadro. Venho para dentro, tomo algum tempo e volto à janela. Parece-me tudo idêntico, como um quadro que já vi. Trânsito parado.Som em movimento. Buzinas e mais buzinas fazem-se ouvir. Gritando alto como se com isso ganhassem terreno para avançar. Todos os dias, todas as manhãs, todas as noites... o mesmo ritual: trânsito parado.

Desligado

Dia 1
28 de Fevereiro de 2009, Clássico FCP – SCP, tudo em aberto, zero a zero, minuto 86, oiço um estrondo uma fracção de segundo antes de deixar de ver um palmo à minha frente…
“Foi-se a luz” diz o Pedro ao meu lado.
Ok, esperemos que volte amanhã. Penso para mim…
“Vamos sair e jantar. Se entretanto não voltar, depois ligamos o gerador.” Completa o Pedro.

Dia 2
Sem luz e sem gerador
O gerador não funciona e não há água

Dia 3
Tudo na mesma, tirando o facto de poder tomar um banho às escuras, temos água.

Dia 4
Ainda não há luz. Desligado do mundo.

Dia 5
O electricista era para ter resolvido o problema do gerador, mas nada feito. A ENE (Empresa Nacional de Energia) ainda não resolveu o problema.

Dia 6
Acordei com frio. Uma aragem fria. Senti um desconforto. Retirei da cara a t-shirt que me tapa os olhos e me protege da luz, que bem cedo entra pela janela adentro. Dia 6, a luz voltou. Esse frio é o ar condicionado.

Luz, ar condicionado, frigorífico, TV, internet, tomadas para carregar telemóveis e computadores… Nada de mais. Nada que julguemos extraordinariamente importante quando estamos por Portugal. Até que nos falte, não sentimos a falta, não damos importância.

Regresso ao mundo. Ar condicionado ligado. Vou enviar um email, escrever no blogue, ler um jornal, carregar o telemóvel, ouvir o som da TV, beber algo fresco. Nada de mais.

sábado, 28 de fevereiro de 2009

A Gasosa

Gasosa: bebida refrigerante gaseificada; atribui-se o termo a fases químicas, como a fase gasosa; na gíria poderá significar gasolina.

Venham a Angola e esqueçam tudo isso…

Aqui, embora possa significar a tal bebida refrigerante gaseificada, na forma de Coca-Cola, o melhor significado a atribuir a gasosa será um género de uma “multa” que se deve suportar quando a polícia ou algum elemento de autoridade (ex.: o segurança alfandegário) ou não, decide que fizemos algo que está fora das regras (não direi leis, pois essas estão escritas), regras que nunca estão definidas e poderão ser concebidas momentaneamente, possibilitando precisamente a obtenção de uma gasosa.

Alguns exemplos de gasosas:

Retenção no aeroporto por razões pouco claras – paga gasosa;

Inversão de marcha em local em que nada indique proibição da manobra, mas nada indica que a mesma seja permitida – paga gasosa;

Actividade mictória na rua – paga gasosa;

Deseja um quarto de hotel e não tem reserva – paga gasosa;

Em situações ao critério da imaginação de quem tenha alguma autoridade – paga gasosa.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Português saudoso da sua terra, português que procura o futuro construindo o destino... carrega o fardo da distância, procura ser... ainda que não saiba para onde vai...

João André, grande amigo de longa data, deslocado em Angola há mais de 2 anos, traz no carro a busca pela sua essência quando liga o rádio:


http://www.youtube.com/watch?v=35tsdp5DmPc&feature=related

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Noite em Luanda - parte I

Jantar fora a ver um clássico (SCP - SLB), campeonato português é campeonato de angolano... Sim, tens o girabola, mas o que conta por cá é ver o F.C. Porto, Sporting e Benfica.

A noite era menina quando saí do restaurante da ilha para voltar a casa. Breve passagem por casa, onde me apanharam novamente para sair em direcção... da ilha... eu, o Paulo e o João.

CHILLOUT

...fila para entrar, guest list... "nós somos amigos do Flavio" (...) "entra aí então, faz favor"
Compra cartão na entrada... 2000 Kwanza (sensivelmente 20 euro), e dá para 3 bebidas brancas...

espaço aberto, junto ao mar, diversos bares de madeira, estrangeiros, indianos, brasileiros, portugueses e nativos... DANÇA, dança muito na pista, house, êxitos locais e outras...


bem vindo a Luanda mano!

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Luanda - A chegada

...Depois de cerca de 7 horas de viagem, sair rápido do avião, receber o carimbo, entregar o passaporte, julgar que estaria tudo bem, ouvir: "...e a viagem de regresso?"

E foi assim que começou a estadia em solo Angolano.

Encaminharam-me para uns bancos, onde não estava só (muita gente é retida, "por isto ou aquilo") e aí, com o meu passaporte em punho um responsável qualquer dizia: "sem viagem di regresso vai ter de ir já no próximo avião para Portugal..."

O que vale é que tinha o telemóvel com bom saldo... sim, o português que se paga e bem...

Uns telefonemas depois, 45 minutos mais tarde, tinha a viagem de regresso na mão e a indicarem-me a saída do aeroporto. Estava safo... julgava eu!


Mal saí foi começar a ouvir: "dá-me euros", "20 euros", "e aí dá algum..."

Pobre pula fresquinho. confesso que ainda deixei 20 euros por lá, repartidos por 2 que me ajudaram a encontrar a mala e a levá-la até à rua

e ainda tive que "levar" até ao carro com dois jovens bem agressivos que insitentemente pediam 20 euros por me terem ajudado lá dentro, mas digo-vos que nunca os tinha visto. Por certo eles é que me tinham visto a largar nota para os outros.

Mas já estava com colegas de trabalho, e seguimos viagem.

"...liga é o ar condicionado!"

Mãe, pai, mana, tios, avó, primos, amigos e amigas: Cheguei!

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

...dia 20 Fevereiro de 2009, 4º dia em Luanda... ainda não assentou a poeira... ainda não olhei bem à volta...


Trânsito, calor, humidade, Angola Telecom, Sonangol e 4 Ekas (concorrente da Cuca - verdadeira cerveja Angolana), o pouco que consegui observar da realidade de Luanda.


...pausa para escrever estas primeiras linhas. Regresso agora ao trabalho!